Em um dia sombrio me reconheci, sendo taxado de todas as formas só consegui ver o que ninguém percebe, o obvio ofusca a visão do melhor observador tornando-o míope para a assolação que não se aceita. Alguns resultados que obtemos vem de escolhas que fazemos, outros não se passa pela cabeça como chegamos a tal ponto, a mensagem subliminar que nos rodeia nos torna vulneráveis e escravos da própria existência, pois pagamos por erros que não nos representa. A história começa do fim para o começo quando caímos no espiral das lembranças, é quando percebemos o destino que foi imposto a nós mesmo contra a vontade. É um jogo perigoso olhando de um ponto vingativo que nos enche a mente de ódio e rancor, trazendo para a contemporaneidade o que poderia ter sido e não foi. A compreensão disso tudo é complexo e nem todos tem o discernimento de aceitar esses relatos, já que a singularidade de existência nos impede de vermos a vida do outro como complicada, fazendo de nos mesmo escravos da vaidade
Como um borrão as lembranças aparecem aos meus três anos de idade, o cenário infantil de quando o abandono se tornou uma realidade cruel e egoísta, nessa época não tinha noção do acontecido e nem o resultado do ato, só lembro eu em baixo de cadeiras fugindo como se fosse em um túnel e meu cunhado fazendo um papel que não lhe pertencia, uma infância triste e solitária que nos permite compreender como pessoas são cruéis a tal ponto de exterminar sonhos de uma criança. Sempre me perguntei o porquê, e nunca obtive esta resposta. Na época eu não sabia mas me foi tirado um pedaço que hoje me falta, eu sei que eu devia seguir em frente, talvez esquecer e perdoar e fingir convivendo com a angústia que me foi imposta, mas ninguém é tão forte quando se fala da própria história e apontar respostas ou julgar atitudes oriundas de um passado sombrio de alguém se torna um papel leve, até acontecer com você. Alguns tem a capacidade de resiliência, e talvez seja o que a sociedade nos obriga a sermo